Dados obtidos por radares
militares sugerem que o avião da companhia Malaysia Airlines que
desapareceu há quase uma semana voou deliberadamente por centenas de
quilômetros fora de sua rota, elevando a suspeita de que o sumiço possa
ter sido criminoso, informaram fontes à agência Reuters nesta
sexta-feira (14).
As
análises dos dados sugerem que o avião, que levava 239 pessoas a bordo,
saiu de sua rota original a nordeste, de Kuala Lampur a Pequim, e
seguiu para o oeste, usando rotas normalmente usadas por voos para o
Oriente Médio e a Europa. As informações foram dadas por fontes
envolvidas nas investigações do desaparecimento do Boeing 777.
Duas
fontes disseram que uma aeronave ainda não identificada, que os
investigadores acreditam ser o avião desaparecido, seguiu uma rota entre
dois pontos de balizamento definidos, o que sugere que estava sendo
pilotada por alguém com formação em aviação. Esse aparelho foi detectado
por um radar militar pela última vez na costa noroeste da Malásia.
Isso indica que ou os pilotos ou alguém com conhecimento de avião pilotava o avião.
A
última informação recebida pelos radares militares indica que o avião
estava voando em direção às Ilhas de Andamão, na Índia. As buscas foram
estendidas para a região, mas nada foi encontrado por enquanto.
Uma
terceira fonte informou que as investigações estão cada vez mais
focadas na teoria de que alguém que sabia pilotar desviou o voo
deliberadamente.
"O
que podemos dizer é que estamos examinando uma sabotagem, sendo que um
sequestro ainda está nas cartas", disse uma fonte, que é um agente
graduado da polícia da Malásia.
As
três fontes ouvidas pela Reuters não quiseram ser identificadas por não
serem autorizadas a darem informações sobre as investigações.
O
Ministério do Transporte da Malásia, órgão oficial das investigações,
não retornou as ligações da agência para comentar o assunto.
Inicialmente
as autoridades malaias descartaram uma sabotagem no desaparecimento do
voo MH370, mas as informações obtidas pela Reuters indicam pela primeira
vez que a hipótese criminal se tornou o principal foco.
Último sinal
O desaparecimento do Boeing já se tornou um dos maiores mistérios na história moderna da aviação.
O
avião foi visto pela última vez nos radares civis pouco antes de 1h30
de sábado passado (horário local), menos de uma hora depois de decolar
de Kuala Lumpur. Nesse momento, a aeronave voava para nordeste, na
direção de Pequim, passando sobre a entrada do golfo da Tailândia, perto
da costa leste da Malásia.
Mas,
na quarta-feira, o comandante da Força Aérea malaia disse que o avião
foi observado por um radar militar, às 2h15, num ponto 320 quilômetros a
noroeste da ilha de Penang, na costa oeste da Malásia
Essa
posição marca o limite da cobertura do radar militar da Malásia,
segundo uma quarta fonte familiarizada com a investigação ouvida pela
Reuters.
Em
entrevista coletiva na quinta-feira, o ministro do Transporte,
Hishammuddin Hussein, disse que o alcance dos radares militares do país é
uma "questão delicada", que não seria divulgada publicamente.
"Mesmo que (a cobertura) não existe além disso, podemos ter a cooperação de países vizinhos", afirmou.
O
fato de o avião - se fosse mesmo o MH370 - ter perdido contato com o
controle de tráfego e estar invisível para os radares civis sugere que
alguém a bordo desligou os sistemas de comunicação, segundo as primeiras
duas fontes.
Elas
também deram mais detalhes sobre a direção assumida pelo avião não
identificado, acompanhando corredores de aviação que constam nos mapas
de pilotagem sob os códigos N571 e P628. Essas rotas são percorridas por
aviões comerciais que viajam do Sudeste Asiático para o Oriente Médio e
a Europa, e podem ser encontradas em documentos públicos divulgados por
autoridades regionais de aviação.
Numa
descrição bem mais detalhada do que havia sido divulgada até agora
sobre a localização do avião nos radares militares, as fontes disseram
que a última posição confirmada do MH370 foi a 35 mil pés de altitude, a
cerca de 90 milhas (144 quilômetros) da costa leste da Malásia, na
direção do Vietnã -- um ponto de navegação chamado "Igari". Isso foi à
1h21 de sábado.
O
monitoramento militar sugere que o avião fez uma brusca curva para
oeste, na direção de um ponto chamado "Vampi", a nordeste da ilha
indonésia de Sumatra. Esse ponto é usado como referência para aviões na
rota N571, que vai para o Oriente Médio.
De
lá, o radar indica que o avião se dirigiu a um ponto chamado "Gival",
ao sul da ilha tailandesa de Phuket, e foi visto pela última vez indo
para noroeste, na direção do ponto "Igrex", que fica na direção das
ilhas Andaman e é usado na rota P628, para a Europa.
Ele
passou por esse ponto às 2h15 -- a mesma hora citada na quarta-feira
pelo comandante da Força Aérea, que não deu informações sobre qual era a
possível direção do avião.
As
fontes disseram que a Malásia está solicitando dados brutos dos radares
das vizinhas Tailândia, Indonésia e Índia, que possui uma base naval
nas Andaman.
com g1
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