Paraíba contabiliza três casos de óbito por meningite somente este ano, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
Os
casos foram registrados nos municípios de Lagoa Seca, São José do
Bonfim e João Pessoa. Em todo o Estado foram notificados 18 casos da
doença, sendo cinco confirmados. Os números demonstram uma diminuição
com relação ao mesmo período do ano passado, quando 58 casos foram
notificados e 16 confirmados.
Nos
últimos 2 anos o Estado registrou 30 óbitos devido à meningite. Desses,
17 óbitos foram registrados no ano de 2012 e 13 no ano passado. Porém
se observa uma regularidade nos números, tendo em vista que de janeiro a
março do ano passado foram registrados apenas dois casos de óbitos em
todo o Estado, número próximo ao registrado no mesmo período deste ano.
Segundo
a médica infectologista Luciana Holmes, a meningite é uma infecção do
sistema nervoso que pode ter início com uma simples infecção de ouvido
ou crise de garganta. “A meningite geralmente é um quadro bem agudo que
avança rápido e que pode ter início com uma simples infecção das vias
aéreas superiores que, se não for bem tratada, pode atingir o sistema
nervoso”, explicou.
CAUSAS E SINTOMAS
A
doença pode ser ocasionada por vírus, bactérias e fungos e apresenta
sintomas que podem ser confundidos com uma simples virose. “Geralmente o
paciente apresenta febre, dor de cabeça, vômitos, desorientação,
rigidez no pescoço. Em casos mais agudos podem aparecer manchas na
pele”, acrescentou.
De
acordo com a infectologista, um grande problema são os tratamentos
caseiros para viroses e gripes em detrimento da procura por um
profissional qualificado. “Esse é o maior problema, porque os sintomas
iniciais da meningite podem se confundir com muitas coisas,
principalmente as crianças, que têm muitos quadros respiratórios por ano
e as pessoas acabam ficando em casa, sem buscar um atendimento
adequado”, alertou.
Esse
foi o caso da Ana Cláudia, de 7 anos, filha da agricultora Sônia da
Silva. Ela mora no município de Sapé e, segundo relatos da mãe, no
último domingo a menina começou a apresentar sintomas como febre e dor
de cabeça, mas, por acreditar ser apenas uma virose normal, a mãe a
medicou em casa. “Ela melhorou um pouco, brincou e tudo na
segunda-feira, mas na terça ela piorou novamente, dessa vez com o
pescoço mole”, contou.
Devido
à piora da filha, a agricultora decidiu ir a um posto de saúde de sua
cidade. Lá, ela foi orientada a vir para o Hospital Infantil Arlinda
Marques, na capital. “Quando cheguei lá eles viram que podia ser
meningite e me mandaram para o Hospital Universitário. A gente está aqui
desde quarta-feira. Se Deus quiser minha filha vai ficar boa”, afirmou.
Segundo
Luciana Holmes, os casos de meningite avançam de forma muito rápida e,
por isso, é preciso estar atento aos sintomas. “Com crianças e idosos,
que são populações mais frágeis, se tem que ficar ainda mais atento”,
orientou.
Após a descoberta do caso, é necessário a realização de uma punção na coluna lombar, única forma de detectar a doença.
“Nós
retiramos um líquido da coluna lombar e levamos para análise. Após a
detecção, tem início o tratamento, que é feito principalmente através de
antibióticos na veia e dura de 10 a 14 dias”, disse.
O
Hospital Universitário Lauro Wanderley , na capital, é centro de
referência no tratamento da doença. Lá, o exame e o tratamento são
oferecidos gratuitamente e, após o tratamento, o paciente pode ter uma
vida normal. “A doença é grave, pode levar a óbito, mas com o tratamento
se chega à cura. Hoje em dia praticamente não temos mais sequelas”,
completou.
VACINA
Segundo
a chefe do setor de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde (SMS),
Chiara Dantas, as vacinas contra a meningite fazem parte da rotina de
vacinação de todos os PSFs do país desde 2011. Ela é oferecida para
crianças a partir dos 3 meses de idade e até antes dos 2 anos. Após
isso, a vacina é oferecida somente em redes particulares e custam em
média R$ 100,00.
De
acordo com a infectologista Luciana Holmes, com a vacina contra o caso
mais grave, a probabilidade da doença deixar sequelas é pequena. Por
isso Chiara Dantas orienta as mães de todo o Estado a procurarem as
unidades de saúde caso os calendários de vacinação dos seus filhos não
estejam atualizados. E, se os primeiros sintomas aparecerem e evoluírem
de forma rápida, a orientação é não hesitar em procurar uma unidade de
saúde.
com jornaldaparaiba
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