As investigações sobre o
desaparecimento do voo MH370 se concentravam na cabine dos pilotos e nas
últimas palavras recebidas em terra, pronunciadas pelo copiloto, que
coincidiram com o momento em que os principais sistemas de comunicação
da aeronave foram deliberadamente desligados.
Às
01H19 de sábado 8 de março (14H19 de sexta-feira no horário de
Brasília), 38 minutos após a decolagem do Boeing 777 de Kuala Lumpur com
destino a Pequim, o controle aéreo registrou a última comunicação oral a
partir da cabine do piloto: "Tudo bem, boa noite".
Estas
poucas palavras em inglês ("All right, good night"), pronunciadas de
maneira descontraída segundo as autoridades malaias, foram uma resposta
aos controladores de voo que anunciaram à tripulação que o avião se
preparava para deixar o espaço aéreo malaio.
"As
investigações preliminares sugerem que era o co-piloto quem falava",
afirmou nesta segunda-feira o CEO da Malaysia Airlines, Ahmad Jauhari
Yahya, durante uma coletiva de imprensa.
A
informação pode ser vital para estabelecer quem controlava a aeronave
quando ela desapareceu dos radares civis, o que as autoridades da
Malásia têm descrito como uma manobra "deliberada".
As
investigações estão concentradas no comandante de bordo, Zaharie Ahmad
Shah, de 53 anos, e seu "oficial piloto de avião" (OPL, copiloto), Fariq
Abdul Hamid, de 27 anos.
O
sistema ACARS (Aircraft Communication Addressing e Reporting System),
que permite a troca de informações entre a aeronave em voo e o centro
operacional de uma companhia aérea, emitiu um último sinal às 01h07. Ele
deveria voltar a emitir meia hora depois, às 01h37.
A
desativação deste sistema é necessariamente realizada por um piloto ou
uma pessoa com conhecimentos na área, de acordo com especialistas.
"Míssil"
O
transponder, um outro dispositivo crucial, que envia informações sobre a
posição da aeronave, foi deliberadamente desligado dois minutos após a
mensagem atribuída ao copiloto.
O avião desapareceu dos radares civis às 1h30.
Os
dados coletados desde então permitem afirmar que o avião mudou de
direção entre a Malásia e o Vietnã e continuou voando por quase sete
horas.
Radares militares malaios detectaram um sinal na mesma madrugada, posteriormente identificado como vindo do voo MH370.
"Algo
aconteceu com o piloto", afirmou em Washington o presidente do Comitê
de Segurança Interna na Câmara dos Representantes, Michael McCaul, que
disse contar com relatórios da "segurança interna, do serviço de
contra-terrorismo e inteligência".
Ele também especulou que o avião pode ter sido sequestrado e escondido para uso posterior de "míssil".
Autoridades malaias enfatizam que o histórico de todas as 239 pessoas a bordo, incluindo 227 passageiros, foi analisado.
O
copiloto teria convidado uma jovem passageira à cabine durante um voo
entre a Tailândia e Kuala Lumpur em 2011, uma atitude contrária aos
regulamentos desde os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos.
Mas
os dois pilotos não pediram para trabalharem juntos neste voo e nada
durante as buscas em suas casas foi encontrado que possa incriminá-los,
insistiram as autoridades da Malásia.
Um investigador do AF447 na Malásia
Um
sinal de satélite teria mostrado o Boeing 777 em um espaço pouco
provável, entre o norte da Tailândia e a Ásia central. Outra
possibilidade, mais lógica, é uma área entre a Indonésia e o Oceano
Índico.
Mas
o primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, afirmou nesta
segunda-feira que não recebeu nenhuma informação sobre a possibilidade
de que o Boeing 777 da Malaysia Airlines tenha sobrevoado as costas do
país.
O
número de países envolvidos nos esforços para encontrar a aeronave
chega a 26. A busca se concentra em dois amplos corredores em terra e
mar. O corredor sul é o privilegiado pelas autoridades, enquanto o norte
passa sobre vários países cujos radares militares teriam
obrigatoriamente detectado um Boeing 777.
A
França enviou três investigadores especializados, entre eles Jean-Paul
Troadec, ex-diretor do Escritório de Investigação a Análise (BEA) que
investigou o acidente do voo AF447 Rio-Paris da Air France em junho de
2009.
O
colégio francês de Pequim, onde estudavam três adolescentes a bordo do
MH370, recebeu nesta segunda-feira uma equipe de especialistas, que
pretendem fornecer assistência psicológica aos alunos.
As
famílias dos passageiros chineses expressavam sua indignação, acusando
as autoridades malaias de dissimulação e de "dizer qualquer besteira".
"Apenas
o governo malaio sabe a verdade. Ele tem dito qualquer besteira desde o
início", reclamou Wen Wancheng, de 63 anos, cujo filho estava a bordo
do Boeing 777.
com diariodepernambuco
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