Brasileiro lembra encontro com Papa

Um chaveiro dourado com a imagem do Papa João Paulo II é a única recordação material que o militar aposentado de Campo Grande Jordão Abreu da Silva Junior, 62 anos, tem do contato com o pontífice. Silva Junior pertencia à Aeronáutica quando foi escolhido para testar a blindagem do papa-móvel, fazer o transporte das bagagens e a segurança pessoal do então líder da Igreja Católica durante visitas ao Brasil.

O objeto não é raro, tanto é que o militar recebeu uma porção deles e os distribuiu aos parentes. O que o torna inestimável é o fato de ter sido oferecido pelo próprio sucessor de Pedro, conforme a crença da Igreja Católica. "Foi uma benção mesmo eu receber das mãos dele vários chaveiros deste e uma honra ter feito a segurança de um santo que esteve entre nós", afirmou ao G1. Às vésperas da canonização de Karol Wojtyla, realizada neste domingo (27), o militar relembrou momentos que definiu como únicos lado a lado com o santo.

Na primeira viagem do Papa ao Brasil, em 1980, Silva Junior morava em Salvador (BA). Ele conta que na ocasião tinha a responsabilidade de vistoriar os locais que o pontífice frequentaria e verificar se as comidas e bebidas oferecidas ao Papa estavam contaminadas. "Tomei o café que o Papa tomou, para garantir que a bebida estava normal", recorda, em tom de brincadeira. Apesar da função próxima ao Padre Santo, o militar afirma que o contato era distante e restrito. Foi nessa ocasião que recebeu o presente das mãos do sucessor de Pedro.

O que Silva Junior não imaginava era que essa situação se repetiria 11 anos mais tarde, na segunda visita de João Paulo II ao país, desta vez em Campo Grande, quando foi escolhido para compor a linha de frente da segurança do pontífice. "Minha vida se entrelaçou duas vezes com a vida do Papa João Paulo II. Na primeira, o contato foi por mais tempo, mas na segunda, em 1991, foi mais próximo, apesar de mais rápido", lembra. Dentre as características do Papa citadas pelo militar estão o carisma e a santidade, qualidades tornavam o trabalho de Silva mais difícil por conta da proximidade que João Paulo II tinha com o povo.

"Ele era muito aberto ao contato dos fiéis e era teimoso, por isso era difícil de segurá-lo. Fugia ao protocolo de segurança, mas foi isso que o fez ser tão especial. Todas as pessoas que chegavam perto dele se emocionavam. Sentíamos a superioridade daquele homem. A alegria era tão grande que o riso não era suficiente e as pessoas choravam de alegria", recorda. Silva Junior está feliz com a canonização. "O tempo é muito pequeno entre a morte dele [Papa] e a canonização em relação ao Padre Anchienta, por exemplo. Mas acho progressista da parte da igreja reconhecer em pouco tempo", pondera. O militar diz que pretende acompanhar a cerimônia pela televisão.

Solenidade O Papa João Paulo II foi canonizado apenas nove anos após sua morte, em 2005. Em 2011, a beatificação de João Paulo II, feita por Bento XVI. O segundo milagre atribuído ao polonês Karol Wojtyla, que nasceu em 1920 e liderou a Igreja Católica entre 1978 e sua morte, foi reconhecido pelo Vaticano em julho do ano passado. A cerimônia de canonização terá os mesmos moldes de uma missa e será mais simples, sóbria e sem extravagâncias, segundo o Vaticano.

Com G1