Faltando 75 dias para a Copa do Mundo, o Ministério do Trabalho impôs
condições para a retomada de parte da obra na Arena Corinthians, na Zona
Leste de São Paulo.
Os fiscais afirmaram que os cabos de segurança são pequenos para a área
de trabalho, o que pode ter contribuído para a morte de um operário,
informou o SPTV.
As obras nas arquibancadas provisórias da arena Corinthians só vão ser
retomadas depois que as falhas de segurança forem corrigidas. Foi o que
determinou o Ministério do Trabalho depois de uma nova fiscalização.
Nesta terça-feira, os fiscais constataram que o operário que morreu no
sábado (29) usava um cabo de segurança menor do que a área de trabalho e
isso o obrigava a tirar o equipamento para se movimentar.
No começo desta tarde, o superintendente do Ministério do Trabalho
chegou à Arena Corinthians para fazer uma vistoria nas arquibancadas
provisórias. Meia hora depois, ele saiu dizendo que a construção oferece
risco aos operários.
Um dos problemas é que os cabos de aço, chamados de linhas de vida,
porque sustentam os equipamentos de segurança, são mais curtos do que a
área de trabalho.
“A peça onde ele trabalhava tinha dois metros e a movimentação dele era
só de um metro e vinte. Para ele trabalhar nessa peça de dois metros,
ele só podia se locomover um metro e vinte. Como é que ele fazia? Ele
tinha que desenganchar a segurança”, afirmou Luiz Antônio de Medeiros,
superintendente regional do MTE.
Um operário que estava ao lado de Fábio Hamilton da Cruz quando ele
caiu confirmou a denúncia. “A linha de vida não alcançava. Várias e
várias vezes eu andei lá em cima destrelado”, relatou Leandro Gonçalves.
Leandro desistiu do serviço depois da morte do colega. No sábado, dia
do acidente, ele tirou fotos do colega com um celular. Em uma delas,
Fábio aparece sentado, cerca de uma hora antes da queda. A foto mostra
que ele está preso à linha de vida.
As obras nas duas arquibancadas provisórias ficaram paradas o dia todo.
Apenas funcionários da Fast Engenharia subiram no setor sul para
colocar um corrimão em toda a lateral. A empresa diz que essa instalação
já estava prevista no projeto inicial.
Advogados e representantes da Fast engenharia e da WDS Construções,
responsáveis pelo serviço, juntaram documentos para enviar ao Ministério
do Trabalho porque eles afirmam que sempre cumpriram as normas de
seguranças. E para comprovar que as normas de segurança estão sendo
seguidas.
As empresas também apresentaram um comprovante de que Fábio fez oito
horas de treinamento no dia 21 de janeiro, além de um atestado de saúde
ocupacional afirmando que ele estava apto para trabalhar em altura.
Na tarde desta terça-feira, representantes da Fast Engenharia e da WDS
Construções, empresas responsáveis pelas arquibancadas provisórias, se
reuniram com o Ministério Público do Trabalho.
Em nota conjunta, a Fast Engenharia e a WDS Construções disseram que
vão comprovar à delegacia regional do trabalho que todos os funcionários
da obra estão capacitados e que os procedimentos de segurança
necessários foram implementados.
A construtora Odebrecht informou que a jornada de trabalho nas obras da
Arena Corinthians está dentro da lei e que foi definida em comum acordo
com o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil
Pesada.
Confira a seguir a íntegra da nota conjunta à imprensa da Fast Engenharia e da WDS Construções:
A Fast Engenharia e a WDS Construções vêm a publico esclarecer os seguintes pontos:
1) A segurança dos funcionários sempre foi a principal preocupação em todos os trabalho que realizamos;
1) A segurança dos funcionários sempre foi a principal preocupação em todos os trabalho que realizamos;
2) Todos os itens de segurança utilizados em todas as obras,
inclusive na Arena Corinthians, estão de acordo com as normativas
vigentes no Brasil;
3) Após a interdição dos setores norte e sul das arquibancadas
provisórias da Arena Corinthians, a Fast encaminhará, até o final da
tarde de hoje, todos os documentos solicitados pelo DRT para comprovar a
capacitação dos funcionários e a implementação de todos os
procedimentos de segurança necessários para a realização da obra;
4) A Fast aguarda, após a análise dos documentos pelo DRT, a
liberação imediata do local para que seja possível a entrega da obra no
prazo acordado.
Duas mortes
Em novembro de 2013, duas pessoas morreram na obra depois que um guindaste tombou e atingiu parte da estrutura das arquibancadas e um caminhão que estava parado no local.
O guindaste que içava o último módulo da estrutura da cobertura
metálica do estádio tombou provocando a queda de uma peça metálica de
420 toneladas sobre parte da área de circulação do prédio leste –
atingindo parcialmente a fachada. A Defesa Civil fez uma interdição
emergencial de 30% da obra (o equivalente a menos de 5% da obra). O
motorista Fábio Luiz Pereira, de 41 anos, e o montador Ronaldo Oliveira
dos Santos, 43, trabalhavam para empresas terceirizadas e morreram.
Abertura
O estádio do Corinthians foi o local escolhido pela Fifa para o jogo de abertura da Copa do Mundo no dia 12 de junho de 2014. A seleção brasileira enfrentará a equipe croata, como ficou definido em sorteio realizado em dezembro. Outros cinco jogos da Copa também estão previstos para o estádio da Zona Leste.
Com G1 São Paulo
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