“Zeca Pagodinho é o sambista bonachão, gente fina, que toma umas. Marisa Monte transforma Cartola em algo cult e Tia Surica cantando samba é visto como tradição”, resume Fabiana Cozza, ao ser questionada sobre o cenário do samba no Brasil. Nesta sexta-feira (2), é comemorado o dia do samba.
Em seu terceiro álbum - "Fabiana Cozza" - ela tenta romper com essa personificação do gênero mostrando uma versão mais intimista e melódica da sua forma de representar o samba.
Para a cantora, a vertente ainda está intimamente associado ao Carnaval e remete à "velharia". Esse ranço cultural dificulta a valorização de bons compositores e exporta uma visão errada da qualidade musical do país.
“Aqui dentro o samba é uma espécie de livrinho amarelado no fundo da gaveta. As pessoas não conseguem entender a dimensão que ele tem. Lá fora, é visto como exótico. Quando eu canto em outros países não sou reconhecida pela crítica internacional como sambista. O que eu apresento é tão desconhecido para os gringos que fica sem definição.”
Na visão da cantora, por aqui, a aceitação do estilo depende de seu representante musical. Além de ser difícil se impor como intérprete de samba, qualquer batuque mais africano é facilmente rotulado como candomblé. “A minha música não tem conotação religiosa. O nosso samba é assim, miscigenado, repleto de influências. Em cada região é tocado e dançado de uma forma peculiar. Tento incorporar um pouco disso tudo.”
É justamente por acreditar que existe esse preconceito que ela planeja lançar um CD de música africana apenas no exterior. "Na França, por exemplo, esse tipo de batuque é empolgante e muito elogiado. Não existe julgamento religioso."
Verde e amarelo Embora não rechace outras vertentes nacionais, ela considera o axé e o sertanejo pouco representativos para dar face ao Brasil no mercado internacional. “Não tenho problema nenhum com o axé e sertanejo, só acho que é uma música que pouco traduz a nossa identidade. É um produto de massificação, de mídia e da indústria fonográfica.”
O próprio pagode, para Fabiana, foi descaracterizado ao longo dos anos. Antigamente era sinônimo de festa, reunião de sambistas. Hoje, opina, é uma canção romântica sem muita pretensão. “Se colocarmos qualquer outra melodia, dá no mesmo. Não diz muita coisa.”
Dizer alguma coisa, aliás, é a premissa do trabalho de Fabiana, que rechaça letras vazias ou estrofes-chiclete, recursos que ela considera “enfeites musicais”. “Preciso cantar algo que arrebate e seja denso. E, para isso acontecer, leitura e interpretação do texto é fundamental. Tenho que entender o que vou apresentar.”
Cartas marcadas Hoje ela já tem parcerias consolidadas com Wilson das Neves, Nei Lopes e Elton Medeiros. No terceiro disco, produzido por Paulão 7 Cordas, a maioria dos compositores já apareceu nos álbuns anteriores. “Vou sempre descobrindo novos, mas já sei onde meu coração baterá mais forte.”
Na estrada há 15 anos, ela ganhou reconhecimento não apenas pela qualidade e timbre de voz, mas pelo trabalho cênico que mostra nos palcos. Fabiana começou se apresentando em musicais brasileiros, e leva a expressão corporal adquirida para seus shows.
Os dois primeiros CDS não escondem suas raízes e esse apreço pela cultura africana. Filha de puxador, ela cresceu na quadra da escola Camisa Verde e Branco, vendo seu pai defender diversos hinos na avenida.
Assinatura No álbum que leva o nome da cantora, o repertório mais batucado e grandiloquente dos dois primeiros trabalhos saem de cena. Fabiana parece colocar panos quentes em sua voz e mostra um samba mais ameno, quase melancólico. A nova fase, segundo ela, é resultado de uma constante transformação.
Os dois primeiros CDS não escondem suas raízes e esse apreço pela cultura africana. Embora tenha delimitado bem o espaço por onde quer transitar, ela conta que cresceu ouvindo todo tipo de som, sempre apresentados por seu pai. Aos domingos, era ele quem lhe fazia ouvir discos variados, e reconhecer boas intérpretes de jazz, blues e MPB. Foi motivada por essa alfabetização dominical que Fabiana convidou seu pai para gravar a última faixa do terceiro disco. Juntos, eles cantam “Narainã”, hino defendido por ele há 30 anos na avenida, pela Camisa Verde e Branco, escola de samba paulista, e quintal da casa de Fabiana.
A evolução musical também é reflexo de ganhos recentes. Cantar Edith Piaf com a orquestra sinfônica e participar de shows com músicos no Japão, em Israel e na França exigiu uma técnica mais apurada, o estudo de novas disciplinas vocais, dança e expressão corporal.
Após aprender a se balançar nos ritmos do jongo, samba de roda, samba urbano e carimbó ela credita à dança do Male, típica de uma região africana, sua nova postura corporal, que já pode ser vista na turnê do novo álbum. “Minha cabeça abriu muito fora do país. Mas eu sou cantora de samba. Todas as experiências somaram e resultaram em um trabalho mais maduro. Silenciei muito nesse projeto. Aprendi a usar a voz de outras formas, respirei muito mais.”
G1
Em seu terceiro álbum - "Fabiana Cozza" - ela tenta romper com essa personificação do gênero mostrando uma versão mais intimista e melódica da sua forma de representar o samba.
Para a cantora, a vertente ainda está intimamente associado ao Carnaval e remete à "velharia". Esse ranço cultural dificulta a valorização de bons compositores e exporta uma visão errada da qualidade musical do país.
“Aqui dentro o samba é uma espécie de livrinho amarelado no fundo da gaveta. As pessoas não conseguem entender a dimensão que ele tem. Lá fora, é visto como exótico. Quando eu canto em outros países não sou reconhecida pela crítica internacional como sambista. O que eu apresento é tão desconhecido para os gringos que fica sem definição.”
Na visão da cantora, por aqui, a aceitação do estilo depende de seu representante musical. Além de ser difícil se impor como intérprete de samba, qualquer batuque mais africano é facilmente rotulado como candomblé. “A minha música não tem conotação religiosa. O nosso samba é assim, miscigenado, repleto de influências. Em cada região é tocado e dançado de uma forma peculiar. Tento incorporar um pouco disso tudo.”
É justamente por acreditar que existe esse preconceito que ela planeja lançar um CD de música africana apenas no exterior. "Na França, por exemplo, esse tipo de batuque é empolgante e muito elogiado. Não existe julgamento religioso."
Verde e amarelo Embora não rechace outras vertentes nacionais, ela considera o axé e o sertanejo pouco representativos para dar face ao Brasil no mercado internacional. “Não tenho problema nenhum com o axé e sertanejo, só acho que é uma música que pouco traduz a nossa identidade. É um produto de massificação, de mídia e da indústria fonográfica.”
O próprio pagode, para Fabiana, foi descaracterizado ao longo dos anos. Antigamente era sinônimo de festa, reunião de sambistas. Hoje, opina, é uma canção romântica sem muita pretensão. “Se colocarmos qualquer outra melodia, dá no mesmo. Não diz muita coisa.”
Dizer alguma coisa, aliás, é a premissa do trabalho de Fabiana, que rechaça letras vazias ou estrofes-chiclete, recursos que ela considera “enfeites musicais”. “Preciso cantar algo que arrebate e seja denso. E, para isso acontecer, leitura e interpretação do texto é fundamental. Tenho que entender o que vou apresentar.”
Cartas marcadas Hoje ela já tem parcerias consolidadas com Wilson das Neves, Nei Lopes e Elton Medeiros. No terceiro disco, produzido por Paulão 7 Cordas, a maioria dos compositores já apareceu nos álbuns anteriores. “Vou sempre descobrindo novos, mas já sei onde meu coração baterá mais forte.”
Na estrada há 15 anos, ela ganhou reconhecimento não apenas pela qualidade e timbre de voz, mas pelo trabalho cênico que mostra nos palcos. Fabiana começou se apresentando em musicais brasileiros, e leva a expressão corporal adquirida para seus shows.
Os dois primeiros CDS não escondem suas raízes e esse apreço pela cultura africana. Filha de puxador, ela cresceu na quadra da escola Camisa Verde e Branco, vendo seu pai defender diversos hinos na avenida.
Assinatura No álbum que leva o nome da cantora, o repertório mais batucado e grandiloquente dos dois primeiros trabalhos saem de cena. Fabiana parece colocar panos quentes em sua voz e mostra um samba mais ameno, quase melancólico. A nova fase, segundo ela, é resultado de uma constante transformação.
Os dois primeiros CDS não escondem suas raízes e esse apreço pela cultura africana. Embora tenha delimitado bem o espaço por onde quer transitar, ela conta que cresceu ouvindo todo tipo de som, sempre apresentados por seu pai. Aos domingos, era ele quem lhe fazia ouvir discos variados, e reconhecer boas intérpretes de jazz, blues e MPB. Foi motivada por essa alfabetização dominical que Fabiana convidou seu pai para gravar a última faixa do terceiro disco. Juntos, eles cantam “Narainã”, hino defendido por ele há 30 anos na avenida, pela Camisa Verde e Branco, escola de samba paulista, e quintal da casa de Fabiana.
A evolução musical também é reflexo de ganhos recentes. Cantar Edith Piaf com a orquestra sinfônica e participar de shows com músicos no Japão, em Israel e na França exigiu uma técnica mais apurada, o estudo de novas disciplinas vocais, dança e expressão corporal.
Após aprender a se balançar nos ritmos do jongo, samba de roda, samba urbano e carimbó ela credita à dança do Male, típica de uma região africana, sua nova postura corporal, que já pode ser vista na turnê do novo álbum. “Minha cabeça abriu muito fora do país. Mas eu sou cantora de samba. Todas as experiências somaram e resultaram em um trabalho mais maduro. Silenciei muito nesse projeto. Aprendi a usar a voz de outras formas, respirei muito mais.”
G1
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