Veículos da imprensa internacional repercutiram, na segunda-feira (6/2), a greve dos policiais militares na Bahia, bem como o aumento de violência causado no estado com o movimento. Até agora, foram registrados 95 homicídios desde o início da paralização.
O canal de televisão norte-americano CNN destacou o envio do Exército à capital Salvador para tentar frear a onda de roubos e assassinatos. O jornal argentino Clarín observou, também, que a cidade está "em cinzas" após "subir a tensão" com a chegada dos soldados.
Além deles, os diários The Washington Post e The Wall Street Journal ressaltaram a crise de segurança pública instaurada no local. Ainda o La Nación e o espanhol El País mencionaram a ocupação da Assembleia Legislativa pelos policiais.
Em ao menos 15 Estados, salário de policiais é inferior a R$ 2,5 mil
Em ao menos 15 Estados, policiais militares em início de carreira recebem quantia inferior a R$ 2.500. O salário inicial de um policial na Bahia, onde uma greve por reajuste salarial já dura nove dias, está entre esses Estados: R$ 2.173,87. No entanto, o piso nacional almejado pelos policiais é de no mínimo R$ 3.500.
O salário mais baixo entre as 17 unidades da federação que passaram informações ao iG é o do Paraná. Lá, soldados ganham R$ 1.219,19. Na sequencia, vem o Acre com R$ 1.299,81.
No Rio de Janeiro e em São Paulo, o salário também não chega aos R$ 2.500. Em São Paulo, o piso está em R$ 2.365,78 e no Rio, R$ 1.450. A categoria fluminense prometeu suspender as atividades para reivindicar o aumento do piso salarial para R$ 3.500.
Dos 18 Estados ouvidos, apenas três têm salário acima de R$ 2.500 - Santa Catarina, R$ 2.671,89 e Goiás, R$ 2.712 - e somente o Distrito Federal paga R$ 4.000, o maior salário do País. Todas as Secretarias das Seguranças foram procuradas, mas até a conclusão desta reportagem, nove não haviam informado o salário dos policiais.
Greve da PM afeta cadeia produtiva do Carnaval de Salvador; abadás encalham e pacotes turísticos vendidos foram cancelados
Da venda de abadás [fantasia que identifica o folião no bloco] ao cancelamento de shows e pacotes turísticos; da queda de faturamento em bares e restaurantes à redução na procura pelo aluguel de carros e apartamentos, a greve dos policiais militares da Bahia, que entra no nono dia nesta quarta-feira (8), afetou a cadeia produtiva do Carnaval.
“Até o momento, 10% dos pacotes turísticos vendidos para a Bahia no período da festa foram cancelados. E a tendência é que este índice seja bem maior, caso a greve não termine nas próximas horas”, afirmou o presidente da ABAV (Associação Brasileira de Agências de Viagens) da Bahia, Pedro Galvão.
“A repercussão negativa em todo o mundo, as imagens, reportagens e fotografias de saques, ônibus queimados e o número elevado de assassinatos [mais de cem, desde o início do movimento], certamente, estão entre os motivos que fizeram os turistas desistirem de Salvador”, acrescentou o presidente da ABAV. “Quem deixou para comprar qualquer pacote para a cidade nos últimos dias desistiu da ideia”, afirmou Leandro Rodrigues, funcionário de uma agência de turismo.
A imagem da Bahia no exterior também ficou arranhada com a paralisação da PM. O Consulado Geral dos Estados Unidos no Brasil divulgou nota recomendando que somente deveriam vir à Bahia os americanos com compromissos inadiáveis. O governo francês tomou a mesma atitude. “Estou muito decepcionado com esta situação. Queria ver o Carnaval, mas vou embora porque estou com muito medo”, afirmou o chileno Pablo Gonzalez, que está hospedado em um hotel da orla de Salvador.
Piso nacional para PMs deve ser rejeitado
O projeto de lei que estabelece um piso salarial nacional para os policiais militares não deve avançar por resistência dos Estados e da União.
Segundo apuração da colunista da BandNews FM, Mônica Bergamo, o governo federal teme a pressão das Forças Armadas por reajuste, se ceder à reivindicação da Polícia Militar.
Além disso, os Estados alegam que não têm espaço nos orçamentos para pagar os R$ 3.500 pedidos pela categoria.
Oficiais da Policia Militar aderem a greve
Após assembleia realizada na noite de terça-feira (7), na sede da Associação dos Oficiais da Polícia Militar da Bahia, foi deliberada a adesão dos oficiais à greve da Polícia Militar deflagrada na terça-feira (31).
Após a reunião, diversos oficiais se dirigiram à Assembleia Legislativa, para tentarem se juntar aos manifestantes que estão ocupando o prédio desde o início da greve. Mas, as forças do Exército aumentaram o cordão de isolamento em torno do prédio e a eletricidade foi cortada mais uma vez.
Familiares e simpatizantes acampam nas proximidades e aproveitam sempre a possibilidade de fornecer água e alimentação aos grevistas.
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