O Carnaval é um grande negócio e movimenta bilhões de reais pelo Brasil todo, para desespero dos puristas e desgosto das pessoas que (ainda) tratam os dias de folia como desperdício de capacidade produtiva. O valor exato de quanto a festa movimenta de dinheiro em todo o país é incerto, pois jamais foi realizado um estudo confiável a respeito.
Mas os números dos quatro principais centros carnavalescos do País (Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Paulo) demonstram que uma vibrante cadeia produtiva pulsa sob os tamborins: juntas, as quatro cidades esperam girar R$ 2,7 bilhões de reais durante os quatro dias do reinado de Momo, de acordo com os organizadores de suas respectivas festas.
Mas os números dos quatro principais centros carnavalescos do País (Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Paulo) demonstram que uma vibrante cadeia produtiva pulsa sob os tamborins: juntas, as quatro cidades esperam girar R$ 2,7 bilhões de reais durante os quatro dias do reinado de Momo, de acordo com os organizadores de suas respectivas festas.
“Não há como negar a relevância do Carnaval para a economia”, disse o economista e ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, no seminário “Samba como economia da cultura”, realizado no fim do ano passado no Rio de Janeiro. “Só as escolas do grupo especial do Rio geram mais empregos e renda do que muita empresa.”
Lessa compara a linha de produção das escolas do Rio, hoje concentrada em um conjunto de galpões conhecido como Cidade do Samba, ao regime de trabalho das grandes corporações. “A Cidade do Samba é o lugar onde uma estrutura quase empresarial planeja e implementa uma sequência de tarefas complexas e encadeadas”, afirma Lessa.
Cada uma das 13 escolas do grupo especial do Carnaval carioca prevê investir entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões para percorrer, em pouco mais de uma hora, os 700 metros da Marquês de Sapucaí, a chamada passarela do samba.
Esse dinheiro movimenta uma cadeia que começa nos fornecedores de matérias-primas básicas para a confecção de adereços e fantasias e se multiplica inúmeras vezes quando o desfile se materializa e vira um produto de mídia assistido por milhões de pessoas no país e no mundo.
“Trata-se da fabricação, forçando a analogia, de um entretenimento”, escreveu o pesquisador Luiz Carlos Prestes Filho no estudo “Cadeia Produtiva do Carnaval”, publicado em 2009. “Emoção e encantamento são, de fato, o produto final procurado pelo consumidor.” O trabalho de Prestes Filho calculou em R$ 700 milhões, à época, o valor movimentado pelo Carnaval no Rio. A Riotur, organizadora do Carnaval, estima em US$ 628 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão) o giro financeiro da festa na cidade em 2012.
Para produzir emoção e encantamento é preciso envolver, no mínimo, 60 setores produtivos. A economia gira quando uma escola compra isopor e tinta para construir um carro alegórico, quando um turista deixa sua cidade e se hospeda em um hotel para acompanhar os desfiles ou participar dos blocos, quando um vendedor ambulante reforça seu estoque para suportar a elevação na demanda, quando grandes empresas montam camarotes na avenida para receber seus convidados ou quando uma empresa de cronometragem é contratada para aferir o tempo exato dos desfiles.
Nos cálculos de Prestes Filho, a mão de obra de pelo menos 500 mil pessoas é utilizada em cada Carnaval apenas no Rio de Janeiro.
A importância do Carnaval para a economia de Salvador é ainda maior, relativamente. “Salvador é uma cidade pobre que tem no turismo sua principal atividade econômica”, diz o diretor da Salvador Turismo (Saltur), a estatal responsável pela organização da festa local.
“Se não fosse o Carnaval e as outras festas populares que atraem turistas, teríamos dificuldade em atender às nossas necessidades diárias. O Carnaval é uma questão de sobrevivência para a cidade.”
A Saltur estima que a festa vai girar R$ 1 bilhão em 2012. Cerca de 500 mil turistas são esperados na capital baiana. Para atender a essa multidão, pelo menos 17 mil pessoas trabalham diretamente na organização da festa.
No Recife, a expectativa é a de atrair 700 mil pessoas e de girar R$ 500 milhões nos quatro dias de festa. Além do dinheiro deixado pelos turistas na capital pernambucana, há um outro benefício indireto trazido pelo Carnaval que não pode ser desprezado.
“Há a projeção da imagem de Recife durante o Carnaval como uma das capitais culturais do país, o que é extremamente positivo para a cidade”, diz Renato Lins, secretário de cultura da prefeitura, responsável pela organização da folia local. Em São Paulo, a expectativa é de um giro financeiro superior a R$ 100 milhões durante os quatro dias de folia.
IG
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