A discussão faz do homem um ser mais sábio. No meu último texto preferi falar sobre a liberdade feminina, e por acreditar que as mudanças a favor da mulher só poderão acontecer mediante a participação do homem, fiquei contente com as manifestações de ambos os gêneros.
Ampliei minhas reflexões a partir da discussão gerada. Queria dar uma segurada e deixar outros tantos tópicos do assunto feminino mais pra frente, mas quando vi minha filha de 9 anos perplexa por conhecer a história que foi capa dos jornais da semana passada, tive que me manifestar para fechar a tampa deste mês.
Os olhares se voltaram para um caso que em outubro de 2008 marcou a sociedade brasileira. Em um apartamento em Santo André, na Grande São Paulo, a estudante Eloá Pimentel, de 15 anos, morreu após ser baleada na cabeça e na virilha e ser mantida presa por 101 horas dentro do apartamento. O assassino foi o ex-namorado Lindemberg Alves Fernandes.
Após um julgamento longo, que durou quatro dias, Lindemberg foi condenado a 98 anos e 10 meses de prisão pela morte e pelo cárcere privado de Eloá e por outros crimes. Lindemberg admitiu ter atirado na ex-namorada. O motivo seria o fato de que a menina havia rompido o namoro, e Lindemberg não teria aceitado essa decisão.
Infelizmente, o ´caso Eloá´ é um dos muitos que compõem a estatística de violência contra mulheres no Brasil. Segundo uma pesquisa, 72% dos agressores são maridos ou companheiros. Em 65% dos casos, os filhos assistem as agressões. A violência não é só física, mas também verbal, como humilhações, xingamentos ou ameaças. Dez mulheres são assassinadas diariamente no Brasil, sete delas por marido ou ex-maridos, namorados ou ex-namorados.
A mulher conquistou seu espaço, hoje trabalha, cuida dos filhos e por vezes até sustenta a casa sozinha. Mas a cultura em que vivemos, ainda é marcada pelo sexismo, e o homem acredita que tem poderes sobre a mulher, que ela pertence a ele e que portanto ele pode fazer com ela o que quiser.
A mulher é vista como um objeto, sem vontade própria, e que deve ser castigada ao sinal de reprovação pelo homem e a violência é banalizada e passa a fazer parte do cotidiano. Durante o julgamento, Ana Lucia Assad, advogada de Lindemberg disse que ele ainda ama Eloá e que ela foi o único amor de sua vida.
Na maioria dos casos, a mulher tem algum tipo de dependência em relação ao homem, seja ela de âmbito financeiro ou emocional, como o medo de separar a família por exemplo.
Enganam-se os que acreditam que a violência sofrida pelas mulheres tem relação direta com drogas ou com baixo nível de escolaridade, como figura no senso comum. Uma pesquisa produzida pelo ISP(Instituto de Segurança Pública) do Rio de Janeiro revela que 30% das vítimas e dos agressores concluíram no mínimo o Ensino Médio. Esse é um mal que figura em todas as classes sociais e níveis do tido ´esclarecimento´.
O importante é que a violência contra a mulher saia da esfera do ´cotidiano´ e passe a ser encarada como crime, o que é indiscutível, pois está na lei. A hoje conhecida ´Lei Maria da Penha´ foi sancionada em 2006. Em 1983, Maria da Penha recebeu um tiro de seu marido enquanto dormia.
Ficou sem os movimentos das pernas. Um ano depois voltou para casa, onde o marido continuou com as agressões. Mais uma tentativa de assassinado, por eletrocuçao, o que fez Maria da Penha procurar ajuda. Graças ao caso, hoje a Lei nº 11.340/06 ampara mulheres vítimas de violência em todo o país.
Não vamos deixar que as lutas de tantas Marias da Penha em todo o Brasil sejam em vão. Denunciem os agressores. Não aceitem ser capacho, não aceitem uma porradinha, um tapa, não se orgulhem do controle masculino, do domínio. Gritem, berrem, clamem pelos nossos direitos. Só a certeza da denúncia e da punição severa pode parar os milhões de agressores que estão a solta por todo o Brasil.
Nega Gizza - Yahoo.com
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